quinta-feira, 21 de julho de 2011


1 - O que é o Setor Diocesano da Juventude? 



Na CNBB, em âmbito nacional, o Setor Juventude é o espaço que articula, convoca e propõe orientações para a Evangelização da Juventude, respeitando o protagonismo juvenil, a diversidade dos carismas, a organização e a espiritualidade para a unidade das forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns à luz do documento 85 “Evangelização da Juventude”, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e Documento de Aparecida.
          


Há um bispo (padre) da respectiva diocese (paróquia) e um assessor responsável  pelo Setor que, contando com a colaboração de uma equipe colegiada de coordenadores de pastorais e movimentos, respondem pela evangelização da juventude. Na realidade diocesana e paroquial, o Setor Juventude é um espaço de comunhão e participação para unir e articular todos os segmentos juvenis diocesanos num trabalho conjunto. A missão do Setor, nesse sentido, é favorecer a integração e o diálogo, além de propor algumas diretrizes comuns para a evangelização, considerando as necessidades de cada realidade diocesana e as especificidades de cada segmento juvenil.
           Fazem parte do Setor as experiências de evangelização juvenil existentes na Diocese/Paróquia: Pastorais da Juventude, Movimentos Eclesiais, Novas Comunidades, Congregações Religiosas que trabalham com juventude, Catequese Crismal, Pastoral Vocacional, Pastoral da Educação, Pastoral Familiar e outros segmentos eclesiais envolvidos com evangelização juvenil. Nas dioceses onde há Centros e Institutos de Juventude, estes também podem fazer parte do Setor.


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2 - Por que criar um Setor da Juventude na Diocese/Paróquia?
          


Em geral, costuma haver hostilidade entre os diversos segmentos de juventude de uma diocese, com resistências e críticas mútuas às atividades realizadas, jeito de evangelizar, organização, espiritualidade... A criação do Setor Juventude pode favorecer o diálogo entre os segmentos, a partir de reuniões conjuntas, reflexões comuns e algumas atividades assumidas coletivamente, em especial os eventos com caráter de massa. É preciso cuidado para que o Setor não  queira substituir a organização Própria de cada segmento, nem unificar a metodologia, espiritualidade, história... Cada experiência de evangelização juvenil, mesmo participando do Setor, mantém sua organização e atividades próprias, com a novidade de projetos e eventos assumidos e realizados coletivamente.          
Inclusive a diversidade é considerada uma riqueza e precisa cada vez mais ser conhecida, acolhida e valorizada.


3– Assim deveriam ser os objetivos do Setor Juventude.



· Ser expressão eclesial e social da diversidade juvenil;
· Fortalecer e ampliar a ação evangelizadora da Igreja;
· Favorecer a integração e o diálogo entre os segmentos juvenis da diocese;
· Propor algumas diretrizes, metas, prioridades e atividades comuns para a evangelização, considerando as necessidades de cada realidade diocesana e as especificidades de cada segmento juvenil.
·         193. Há uma multiplicidade de experiências na evangelização da juventude no Brasil, cada uma com sua organização e espaços de formação e atuação. Há necessidade de uma instância mais ampla — Setor Juventude — para unir e articular forças num trabalho de conjunto, à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Todas nascem da necessidade de organizar, planejar e avaliar a ação evangelizadora, tanto na comunidade como nos diferentes meios em que os jovens 100 vivem. Têm sua própria mística, metodologia, identidade e organização:
• As pastorais da juventude que acompanham os processos de evangelização da juventude a partir dos grupos de jovens.12
• Os movimentos eclesiais e novas comunidades com seus carismas específicos.
• As congregações religiosas que trabalham com a juventude, segundo os respectivos carismas.
• Outras organizações eclesiais que também trabalham com jovens, como catequese crismal, Pastoral Vocacional, Pastoral da Educação, ao lado de outras.
12 As pastorais da juventude (PJs) se realizam de diferentes maneiras, segundo a enorme diversidade de experiências que se dão no meio da juventude. Dedicam-se a cultivar, a partir do Evangelho, os valores juvenis nos diferentes ambientes da vida paroquial e da sociedade. Buscam, por meio de espaços claramente definidos, seja por motivos econômicos e políticos, seja por motivos culturais no qual o jovem se desenvolve e passa a maior parte de seu tempo ou um tempo mais significativo de sua vida, agir conforme os interesses, preocupações e linguagem comum à juventude. A organização e missão específica das PJs é uma opção, a partir da fé,
por uma ação concreta conforme o meio específico, e, conseqüentemente, fruto de um processo pedagógico de educação na fé cujos frutos são a conversão pessoal e social de cada meio ao Evangelho e à aquisição de uma identidade madura adequada a uma vocação especificamente situada. O meio privilegiado de atuação das pastorais da juventude é: a comunidade eclesial de base (pastoral da juventude – PJ), a escola (pastoral da juventude estudantil – PJE), o bairro popular (pastoral da juventude do meio popular – PJMP) e o meio rural (pastoral da juventude rural) (cf. Estudos da CNBB, n. 76: Marco referencial da pastoral da juventude do Brasil. São Paulo, Paulus, 1998; Plano trienal das pastorais da juventude do Brasil [2005-2008]. São Paulo, CCJ, 2005). 101
·         194. “A Igreja é una em pluralidade de situações, de vocações, de serviços, que não se opõe à unidade mais profunda em Cristo. Em sua diversidade, e não apesar dela, é que os homens são um em Cristo e no Povo de Deus.”13 A proposta é fortalecer e ampliar a ação evangelizadora da Igreja e não perder riquezas conquistadas que já provaram seu valor pedagógico e teológico no campo da evangelização da juventude. O pluralismo de carismas e metodologias, vivido na unidade, fortalece a ação evangelizadora.
·         195. O trabalho em conjunto deve respeitar os carismas, mas, ao mesmo tempo, estabelecer algumas linhas pastorais comuns. Tanto as pastorais como os movimentos, novas comunidades e congregações religiosas precisam se conhecer mutuamente e, juntos, encontrar seu lugar na pastoral de conjunto da Igreja local, sempre em comunhão com as orientações específicas do bispo diocesano.
·         196. Não se está propondo uma nova superorganização que promova muitos eventos e atividades, mas a unidade de todas as forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns. Os eventos de massa são um exemplo de projetos que podem ser assumidos em comum.
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·         197. Não existe um modelo pronto de organização do Setor Juventude. A sua organização dependerá da realidade de cada Igreja particular,14 sob a animação dos conselhos diocesano e paroquiais de pastoral.



 Pistas de ação

·         198. Organizar o Setor Juventude em cada Igreja particular, de forma criativa e participativa, para fortalecer e dinamizar a evangelização da juventude a partir de todas as forças presentes.
·         199. Organizar cursos e oficinas de capacitação técnica para assessores e jovens que tenham responsabilidade pela condução das estruturas organizativas de acompanhamento dos jovens.
·         200. Garantir que os projetos assumidos em comum não sobrecarreguem as lideranças nem enfraqueçam as diferentes organizações.
·         201. Investir maiores recursos humanos e financeiros nas dioceses e paróquias para as estruturas de formação e acompanhamento da evangelização dos jovens.
·         202. Investir na comunicação através da Internet, como meio eficaz e barato de passar informações e conteúdos e de fortalecer as estruturas de companhamento.



4 - O Setor Juventude como suporte para a evangelização da juventude na diocese/Paróquia:



           A reflexão sobre o Setor Juventude possibilita que a Igreja Diocesana avalie seu diálogo com os/as jovens, bem como a visão de juventude que tem norteado a ação diocesana. Se as lideranças têm uma visão negativa da juventude, se não acreditam no potencial juvenil é pouco provável que as iniciativas sejam bem sucedidas. Para uma boa ação evangelizadora com a juventude, é fundamental reconhecer que Deus também fala ao mundo e à Igreja através dos jovens. “A evangelização da Igreja precisa mostrar aos jovens a beleza e a sacralidade da sua juventude, o dinamismo que ela comporta, o compromisso que daqui emana, assim como a ameaça do pecado, da tentação do egoísmo, do ter e do poder” (doc. 85, 80). “O jovem é evangelizador privilegiado de outros jovens” (doc. 85, 62) e, por isso, Jesus Cristo deve ser apresentado como aquele que “caminha com o jovem, como caminhava com os discípulos de Emaús, escutando, dialogando e orientando” (doc. 85, 54).


       Segundo o Documento “Evangelização da juventude”, uma das principais atribuições do Setor Juventude é estabelecer algumas linhas pastorais comuns para os diversos segmentos juvenis atuantes na diocese. “Tanto as pastorais como os movimentos, novas comunidades e congregações religiosas precisam se conhecer mutuamente e, juntos, encontrar seu lugar na Pastoral de Conjunto da Igreja local, em comunhão com as orientações específicas do Bispo Diocesano” (doc. 85, 195).


           O Setor Juventude Diocesano, nesta perspectiva, não é uma “superorganização” para promover muitos eventos e atividades, mas a unidade de todas as forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns para a evangelização juvenil. Dito isto, cabe distinguir o que é essencial e o que é secundário nas várias experiências de evangelização da juventude. Por essencial entendemos os elementos constitutivos da evangelização, aqueles que caracterizam a vida cristã; secundárias são as opções que caracterizam o segmento e o diferenciam de outras experiências. Na tradição latino-americana pós Medellín, fundamental na evangelização é o seguimento de Jesus Cristo em vista do Reino por ele anunciado. Para a Igreja do Brasil, o que é essencial na evangelização está expresso no objetivo geral das Diretrizes da Ação Evangelizadora (2008-2011):

EVANGELIZAR a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abundância”(Jo 10,10).

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